Passaportes/ Foto: Bruno Dantas
Há
menos de um mês para a realização do plebiscito que decidirá a permanência, ou
não, do Reino Unido na União Europeia, muitos imigrantes brasileiros já começam
a se preocupar com uma possível deportação em massa de estrangeiros, já que com
a saída do bloco econômico, milhares de passaportes europeus em Londres poderão
ser suspensos.
Um
levantamento feito pelo instituto britânico ICM mostrou que cerca de 45% da
população de Londres defende saída do país na União Europeia. Segundo a
pesquisa, os cidadãos alegam que o principal motivo seria a crise econômica e a
migratória, resultante por causa de conflitos e guerras em regiões do oriente
médio. Algo
que também já tem afetado países como Grécia, Alemanha, Itália e França.
O
estudante Rafael Lima Pinheiro, 23, mora em Londres há 2 anos e afirma não
estar tão preocupado. Segundo ele, apesar do resultado das pesquisas, é nítido que
boa parte da população não quer a saída da união europeia, mas o preocupante é
que “muitas pessoas estão em situação ilegal ou não
possuem vistos e documentos que permitam a sua permanência no país, e isso para a
justiça local, é inadmissível”.
Ainda
de acordo com a ICM, pelo menos de 42% da população do Reino Unido defende a
continuação da região na União Europeia que já dura há 53 anos. Entretanto, 12%
ainda se mostram indecisos sobre a decisão.
A
brasileira Tamiris Ciucco, que mora em Londres há 1 ano, assim como Rafael,
garante que o problema maior será para os imigrantes ilegais “Muitos deles,
não estão cadastrados no Home Office, que é uma espécie de Receita Federal do
Brasil; É nesse órgão que são disponibilizados para as pessoas documentos tipo
RG e CPF, além da carteira de trabalho. Sem eles, praticamente uma pessoa não
pode ser considerada um cidadão”, explica ela.
Para Tamiris, o clima de tensão existe, e o medo de ser deportada é
constante, mas não é possível prever o que vai acontecer: “ Preocupado todo
mundo fica. Eu estou aqui, legalmente, meus documentos estão em dia. Mas após a
votação, eles podem chegar e dizer “Vai embora”, e aí, eu não o que vou fazer”.
Impactos
O
Professor de Economia e relações internacionais Pedro Menezes, da Universidade
Católica Portuguesa, garante que a saída do Reino Unido da União Europeia,
traria grandes impactos econômicos na Europa e prejuízos para o continente em âmbitos
políticos.
Segundo o professor: “Sem o Reino Unido, que contribui com rendimentos líquidos de 9 bilhões
de euros por ano, a Europa passaria a fixar-se seu centro financeiro em
Frankfurt, na Alemanha e o continente ainda perderia cerca de 50% de todo seu exército
militar em um momento onde a Rússia e (Vladmir) Putin tem estado ativos em conflitos
com outros países ao norte e leste europeu.
Apesar
do país fazer parte deste bloco, o Reino Unido não utiliza o Euro como moeda
comercial, e sim a Libra, o que para o Prefeito de Londres, Boris Johnson, tem
sido o principal argumento utilizado para convencer os eleitores a votar contra
a permanência, já que, segundo ele, a única consequência (negativa) como membro
da União Europeia foi o aumento excessivo de estrangeiros e gastos para a
coroa.
Argumentos esses, que têm sido rebatidos fortemente pelo Primeiro-ministro David Cameron, que apesar da baixa popularidade nos últimos
meses, é defensor da permanecia no bloco.
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